segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Frio e gripe terão aumentado mortalidade em meados de fevereiro


Gripe terá sido uma das causas

O Instituto de Saúde Ricardo Jorge confirmou esta segunda-feira, através de comunicado, o aumento da mortalidade em Portugal "por todas as causas", entre os dias 13 e 19 de fevereiro.

No texto, a instituição adiantou que "os períodos de frio extremo, assim como as epidemias de gripe, estão associadas a excessos de mortalidade", acrescentando que, "em Portugal, a média ao longo de várias épocas foi de cerca de 2.400 óbitos, variando entre a ausência de excesso e um acréscimo de 8.500 (1998-1999)".

Sobre o aumento da mortalidade verificado nas últimas semanas em Portugal, o Instituto Ricardo Jorge admitiu que "está muito possivelmente associado ao período de frio e à circulação de agentes infeciosos respiratórios que ocorreu em simultâneo".

Mais adiantou que "as análises preliminares dos dados efetuadas, apenas com números absolutos e não com taxas, mostram que o excesso de mortalidade se concentra no grupo etário dos 75 e mais anos", bem como nas regiões Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo.

O apuramento efetivo do impacto da infeção por gripe e o período de frio extremo na mortalidade só será possível, esclareceu, "com a análise da mortalidade desagregada por causas de morte, por região e por grupos etários", mas desde já assegurou que "não se identificaram outros fatores que melhor possam explicar o excesso de mortalidade observado".

O período para este "apuramento epidemiológico e estatístico mais exaustivo" é estimado pelo Instituto em pelo menos seis meses, por estar "condicionado à disponibilidade da mortalidade por causa específica".

Em todo o caso, assegurou que vai investigar "em profundidade" os motivos associados a este excesso de mortalidade, em articulação com a Direção-Geral da Saúde.

O Instituto Ricardo Jorge disponibiliza todas as quintas-feiras, na sua página na internet (www.insa.pt), o Boletim da Gripe.

fonte: JN

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Seis passos para aliviar os sintomas da gripe















1 - Primeiros sintomas

Acordou com a sensação de que alguma coisa não está bem, a cabeça está pesada e sente picos na garganta? O melhor é não fazer planos para grandes refeições. Para Francisco Varatojo, professor de medicina oriental e autor do livro Mente Sã, Corpo São (ed. A Esfera dos Livros), as constipações estão frequentemente ligadas a distúrbios digestivos e são uma forma de o organismo se adaptar a mudanças internas ou externas súbitas. «Comer pouco, mastigar bem e evitar refeições com texturas pastosas, que aumentam os mucos, já ajuda muito», diz ao SOL.Outra recomendação é beber chá de kuzu – planta originária do Oriente que foi trazida para o Ocidente há cerca de um século –, que se compra sob a forma de um pó branco – na realidade, é a raiz da planta. As suas propriedades terapêuticas «normalizam a temperatura do corpo e melhoram as funções digestivas».

2 - Nas duas primeiras horas

Carlos Martins recomenda pôr gotas de soro fisiológico no nariz para diminuir o entupimento ou, em casos mais intensos, a utilização de um descongestionante nasal, mas alerta para evitar o tratamento demasiado prolongado. Para alívio das dores de cabeça e do corpo, aconselha a toma de paracetamol, que em casos de febre ligeira também pode ajudar.

Para a garganta irritada, o ideal, segundo Francisco Varatojo, é gargarejar com água salgada.

3 - À hora do almoço

Francisco Varatojo diz que deve «comer-se vegetais e cereais, em pouca quantidade. E em vez de carne ou peixe». O especialista aconselha também a ingestão de chás naturais, além do kuzu. Por exemplo, o chá de nabo ou de cebola também contribuem para a melhoria dos sintomas.

Para o médico de família, Carlos Martins, a hidratação do organismo é muito importante: «Não há melhor xarope para a tosse do que um copo de água».

4 - A meio do dia

Aplicar uma toalha bem quente e húmida na zona cervical durante 15 a 20 minutos, substituindo a toalha sempre que esta arrefeça.

5 - Antes de dormir Francisco Varatojo defende que não se deve ingerir alimentos duas ou três horas antes de irmos para a cama.

Carlos Martins aconselha a reforçar a hidratação – com mais chás ou, ainda melhor, simplesmente com água.

Outro truque para o conforto geral, mas também para activar o sistema imunitário, é mergulhar os pés em água salgada quente durante 15 minutos. O chamado ‘escalda pés’ «activa os meridianos dos membros inferiores e melhora a actividade dos rins», conhecidos como os filtros do organismo.

Por fim, o conselho de ambos os especialistas é uma boa noite de sono.

6 - No dia seguinte

Sente-se melhor? Óptimo. Agora é só recomeçar e fazer tudo outra vez. Ainda que os sintomas pareçam ter desaparecido, é necessário repetir estes passos durante cerca de três dias.

fonte: Sol

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

OMS discute à porta fechada o que fazer com investigação sobre gripe das aves


Milhões de aves foram mortas devido à suspeita da gripe 

A polémica que já obrigou 30 equipas de investigação a assinarem uma moratória onde se comprometiam a parar o seu trabalho durante 60 dias está agora a ser discutida numa reunião à porta fechada, na sede de Genebra da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O que está por trás da reunião? A investigação feita por duas equipas independentes que conseguiram mutar o vírus da gripe das aves de modo a, presumivelmente, passar de pessoa para pessoa. Uma investigação que ainda está à espera de ser publicada por se temer que caia nas mãos erradas, e possa ser utilizada para desenvolver armas biológicas, causando uma pandemia de gripe pior do que a de 1918.

Antes da gripe dos porcos que fez as manchetes no Verão de 2009, já a gripe das aves era uma preocupação há anos. O H5N1 foi detectado pela primeira vez em 1997, em Hong Kong, e devastou bandos de patos e galinhas na Ásia, chegando ao Médio Oriente e à Europa.

A transmissão para humanos em contacto com animais continua a ser uma realidade. Só desde 1 de Janeiro deste ano, a OMS tem nove relatos de episódios de transmissão, que aconteceram em cinco países diferentes, afectaram dez pessoas e mataram sete. 

Segundo a organização a mortalidade da gripe das aves é de 59%. Um valor altíssimo se for comparado com a gripe espanhola, que em 1918 matou 2,5% das pessoas que infectou: e que ainda assim, estima-se que tenha morto entre 20 e 50 milhões de pessoas. 

Vários cientistas contestam este valor da fatalidade da gripe das aves, dizendo que os números de infectados que a OMS tem não contemplam infecções assintomáticas ou leves, que não acabaram no hospital. 

Num artigo noticioso desta semana da Nature, Declan Butler descreve vários estudos que tentaram analisar a percentagem de população que foi infectada, em certas regiões da Ásia. Apesar de os números serem contraditórios, o artigo sublinha outro aspecto. “Não me interessa que o vírus tenha um rácio de fatalidade de 50% ou 5% ou 1%, ainda seria um problema grande”, disse Marc Lipsitch, epidemiologista da Harvard School of Public Health, Boston, Massachusetts, citado no artigo, que refere ainda que ficará sempre acima da capacidade que os países têm para enfrentar uma pandemia.

Neste contexto, a polémica estalou quando em Setembro de 2011 uma equipa de investigadores conseguiu mutar o H5N1 de modo a que este se transmitisse directamente entre doninhas - o modelo por excelência para estudar as gripes, já que é muito parecido com o que se passa em humanos. Isto é novidade - e perigoso - porque o vírus se transmite normalmente das aves para os mamíferos ou para os humanos. 

Os dados foram apresentados primeiro em Setembro por uma equipa de investigação holandesa, liderada por Ron Fouchier, que trabalha no Erasmus Medical College e depois pela equipa de Yoshihiro Kawaoka da Universidade de Tóquio e Universidade de Wisconsin-Madison. 

As duas equipas já enviaram os resultados para a Science e para a Nature, mas em Dezembro, um comité de acompanhamento da Agência nacional para a ciência e biosegurança dos Estados Unidos pediu às duas revistas para não publicarem detalhes dos dois estudos por medo que a informação pudesse ser utilizada por bioterroristas. As revistas aceitaram os estudos mas ainda não disseram se os vão publicar na íntegra.

Depois de, a 20 de Janeiro, Kawaoka ter assinado a moratória de 60 dias, junto com outras equipas, deu a sua opinião num artigo na Nature. “Algumas pessoas argumentam que os riscos destes estudos – mau uso e a libertação acidental do vírus, por exemplo – pesam mais do que os benefícios”, escreveu. “Oponho-me a isso, o vírus H5N1 que circula na natureza já é uma ameaça, porque os vírus da gripe mutam constantemente e podem estar na origem de pandemias que causam grande perda de vidas.”

Agora, a reunião em Genebra que termina sexta-feira, e junta 22 pessoas, entre autores dos dois estudos e os editores das revistas científicas, vai discutir “as circunstâncias específicas dos dois estudos e vai tentar chegar a um consenso sobre acções práticas que resolvam as questões mais urgentes. Em particular o acesso e a disseminação dos resultados desta investigação”, explica um comunicado da OMS.Num artigo de opinião da edição online desta quinta-feira da Science, Malik Peiris, que teve um papel importante em determinar o carácter patogénico do H5N1, explica que antes das grandes epidemias passarem para as pessoas, os vírus na sua origem passaram anos a infectarem animais. Argumenta que “compreender as características virais e humanas que permitem que a gripe (…) possa ser transmitida entre humanos é sem dúvida uma das mais importantes questões da investigação de hoje”. E remata: “A natureza continua a ser um dos mais eficientes bioterroristas!”

fonte: Público