quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

H1N1: O único vírus que a OMS decretou como pandemia

Na China, o coronavírus já fez 170 vítimas mortais e infetou oito mil pessoas.

Na China, o coronavírus já fez 170 vítimas mortais e infetou oito mil pessoas. © AFP

Nos últimos dez anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) só uma vez avançou com um alerta pandémico. Foi com a gripe das aves H1N1, em 2009. Depois disso, avançou apenas com situações de emergência internacional, com o vírus Ébola, logo em 2013, com o ressurgimento da Polio, em 2014, e com o Zika, em 2016. Se esta situação for decretada agora terá impacto económico.

Organização Mundial de Saúde está reunida para decidir se o novo coronavírus é ou não uma Situação de Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. Isto apesar de só 1% dos oito mil casos de infeção confirmados terem sido registados fora da China, segundo dados avançados pelo próprio diretor-geral da OMS. Se for emitido este alerta, haverá repercussões fortes a nível económico.

Em dez anos, as únicas situações que foram consideradas de alerta global em termos de saúde pública foram: a gripe H1N1, em 2009, que foi mesmo decretada como pandemia. Depois desta, mais nenhuma outra situação voltou a ter esta designação. Houve o vírus Ébola que foi considerado uma Situação de Emergência de Saúde Pública com Interesse Internacional, teve início em 2013, matou 11,3 mil pessoas, e só foi declarado como erradicado em 2016. Seguiu-se, o ressurgimento da Polio, em 2014, também uma situação considerada de emergência internacional, e depois o vírus Zika, que afetou uma boa parte dos países da América Latina, em 2016.

Agora é a vez de a OMS está a avaliar a situação deste novo agente do coronavírus, que já fez 170 mortos e infetou mais de oito mil pessoas, havendo registo de, pelo menos, 50 casos em outros países, como França, Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Camboja e Filipinas.

Esta semana o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, veio explicar que a declaração de uma situação de emergência internacional tem de ser muito ponderada, porque é usada muito raramente. "Apenas em situações muito graves que podem implicar medidas globais para conter a transmissão de uma doença".

A situação do coronavírus já foi classificada de "risco global elevado", embora, inicialmente, tenha sido referida como uma situação de "risco moderado", mas a porta-voz da OMS, Fadela Chaib, veio assegurar que se tratou de "um erro na redação" dos documentos e que a situação foi sempre de "risco global elevado".

Se a OMS decidir emitir um alerta de Situação de Emergência de Saúde Pública com Interesse Internacional, "significa que terá de haver mais restrições a nível de circulação de pessoas e bens da China para todos os países do mundo", explicou ao DN Filipe Fróis, pneumologista do Hospital Pulido Valente e porta-voz da Ordem dos Médicos para acompanhar e avaliar a situação do coronavírus. "Uma situação imediata será a restrição de viagens aéreas, terrestres e marítimas da China para os outros continentes", sublinha. "E o primeiro grande impacto será a nível económico".

Se for lançado o alerta de Situação de Emergência Internacional, "haverá um forte impacto económico, não tenhamos dúvidas, até porque estamos a falar de um mercado como o da China", justifica. Ou seja, não se trata apenas de se tomar uma decisão com base científica, mas também a nível político.

Acima de tudo, a China terá de demonstrar à OMS que já tomou medidas para controlar a propagação da situação. Um dos aspetos a jogar a seu favor tem a ver com o facto de as comemorações do Novo Ano chinês decorrerem até dia 8 de fevereiro e de até esta altura haver muitas escolas, empresas e outras instituições que não estão a funcionar em pleno, devido aos feriados existentes. Se até lá a situação não estiver controlada, "poderá ser complicado", referiu o médico.

Um alerta de Situação de Emergência Internacional tem como objetivo travar uma situação ainda mais grave, uma situação de pandemia. É isto que as autoridades de saúde internacionais querem travar. Aliás, nos últimos dez anos, só uma vez foi decretada uma situação de pandemia pela OMS. Foi em 2009 com a gripe das aves H1N1.

Mas depois desta situação, em que a OMS acabou por ser duramente criticada do ponto de vista político pelo impacto que a situação teve, tendo alguns governos considerado que foi instalado o pânico, o que provocou uma corrida às vacinas, fazendo com que o stock mundial entrasse em rutura. Mais tarde soube-se que, afinal, o vírus não era tão perigoso quanto se pensava.

Depois desta situação, a OMS decretou ainda como situações de emergência o vírus Ébola, em 2013, o qual devastou três países da África Ocidental, matando mais de 11,3 mil pessoas até o final de 2016, o ressurgimento da Polio, em 2014, e o vírus Zika, em 2016.

Em relação ao vírus Ébola, a OMS acabou por ser acusada de ter subestimando a gravidade da epidemia.

Em 2018, um novo surto de gripe fez com que o diretor do Programa Mundial da Gripe, Wenging Zhang, tenha vindo alertar na página oficial da OMS para o facto de este vírus estar em constante mutação, explicando que quando aparece um novo agente, este pode infetar facilmente e espalhar-se rapidamente, por a maioria das pessoas não ter imunidade à sua carga viral.

Na altura, Wenging Zhang referia mesmo que "outra pandemia causada por um novo vírus da gripe irá certamente ocorrer, não se sabe quando, qual será a estirpe do vírus e como será a gravidade da doença." E sublinhava: "Os agentes patógenos ignoram fronteiras, classes sociais, condições económicas e até mesmo a idade".

A gripe típica mata mais jovens e idosos. Mas a gripe espanhola de 1918 por exemplo, foi excecionalmente mortal entre homens com idades entre 20 e 40 anos.

A agência da ONU relembra ainda na mesma página que as pandemias ou as situações de emergência internacional prejudicam a economia e as funções sociais, como as atividades em escolas e no trabalho, bem como um impacto expressivo nos sistemas de saúde dos países.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Sindicato denuncia sete enfermeiros diagnosticados com gripe A no Garcia de Orta


Administração do hospital desmente denúncias

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses alertou esta quarta-feira que sete enfermeiros foram diagnosticados com gripe A no Hospital Garcia de Orta, em Almada, devido à sobrelotação e à forma como os doentes são encaminhados, mas a administração do hospital desmente. 

"Há, pelo menos, sete enfermeiros confirmados com gripe A. Deve-se à sobrelotação e à forma como os doentes estão a ser encaminhados na própria urgência e, em particular, nos serviços de internamento. Foi onde tivemos, não só casos de gripe A diagnosticados em duas enfermeiras, mas também uma utente com gripe A que esteve internada em corredor, ou seja, sem qualquer medida de proteção em termos de contágio", disse à Lusa a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), Zoraima Cruz Prado. 

Contudo, o presidente do conselho de administração do Garcia de Orta, Joaquim Ferro, afirmou esta quarta-feira que apenas "três enfermeiros" contraíram a doença, e que "só dois são do serviço da urgência", os quais tiveram tratamento e isolamento em casa e já retomaram ao serviço. 

"É preciso sobretudo esclarecer a população de que este vírus, esta gripe que há uns anos estávamos um pouco alarmados, mas que hoje é um vírus perfeitamente normal, dominável e tratável pelos tratamentos correntes e que não apresenta qualquer espécie de perigo", explicou. 

Joaquim Ferro referiu também que a administração tem alertado os profissionais "para que se vacinem", garantindo que os três enfermeiros contagiados "não estavam vacinados". 

Além desta situação, o SEP advertiu que o hospital se encontra "sobrelotado", mas que se mantém o número de profissionais em cada turno, levando à "exaustão" das equipas. 

"O número de enfermeiros não é suficiente. A lotação chega a ser de 65 utentes para quatro ou cinco enfermeiros", avançou. 

Zoraima Cruz Prado denunciou também uma situação de "ameaças" aos enfermeiros que, por motivos de doença, deixaram de trabalhar nas urgências. 

"São enfermeiros que trabalharam muitos anos na urgência e saíram a seu pedido, mas, face a este cenário de sobrelotação e necessidade de enfermeiros, estão a ser chamados a voltar, só que alguns não têm mesmo condições para o fazer e infelizmente estão a ser coagidos e ameaçados para voltar e isto é intolerável", frisou. 

Um dos motivos que tem levado ao aumento de doentes no hospital de Almada, na visão da dirigente sindical, é a greve do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal, no atendimento complementar aos fins de semana e feriados. 

"A greve nos centros de saúde ocorre a um atendimento complementar que é uma espécie de urgência ao fim de semana, para que os utentes em vez de se deslocaram ao hospital, nos casos menos graves, possam deste logo ser diagnosticados e tratados no próprio centro de saúde. Ora, se está fechado, as pessoas estão doentes e têm que ir para o hospital. Isto agrava o recurso à urgência hospitalar", explicou. 

Os enfermeiros do ACES de Almada e Seixal encontram-se em greve desde 01 de dezembro, para que o atendimento complementar passe a ser considerado como horas extraordinárias e vão continuar a paralisação até que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo apresente uma proposta. 

A Ordem dos Médicos também denunciou hoje que a urgência pediátrica do hospital Garcia de Horta corre o risco de fechar durante o período noturno por falta de médicos, mas Zoraima Cruz Prado avançou que, do que tem conhecimento, o número de enfermeiros neste serviço "é suficiente e tem conseguido dar resposta". 


domingo, 2 de março de 2014

Novo vírus da gripe das aves contabiliza dois casos na China, um deles mortal


Há um novo vírus da gripe das aves a infectar humanos na China

Uma nova estirpe de vírus de gripe das aves, designada H10N8, que infectou até agora apenas duas pessoas na China, vitimando uma mulher de 73 anos enquanto uma outra se encontra hospitalizada em estado crítico, já está a preocupar os especialistas.

Há dias, as autoridades chinesas confirmaram um segundo caso humano de infecção pelo vírus da gripe das aves H10N8, que fora reportado pela primeira vez em Dezembro de 2013. E segundo uma análise genética do H10N8 vindo de uma amostra biológica da vítima mortal, publicada na revista médica The Lancet desta quarta-feira, o vírus é uma recombinação de outras estirpes de gripe das aves, incluindo uma, a H9N2, que é relativamente bem conhecida por infectar as aves de criação na China.

O novo vírus surgiu enquanto um outro vírus de gripe aviária frequentemente mortal, o H7N9, já infectou pelo menos 286 pessoas na China, Taiwan e Hong Kong, matando cerca de 60.

Mingbin Liu, do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da cidade de Nanchang, e colegas, escrevem ainda que aquela primeira vítima foi hospitalizada com febre e uma pneumonia grave a 30 de Novembro. E que, apesar de ter sido tratada com antibióticos e antivirais, o seu estado degradou-se rapidamente e morreu nove dias depois do início dos sintomas.

Uma investigação revelou que a mulher visitara um mercado de aves vivas uns dias antes de ficar doente. Porém, não foi encontrado qualquer vestígio de H10N8 nas amostras recolhidas naquele mercado e, portanto, a fonte da infecção permanece desconhecida.

Um dos aspectos preocupantes do novo vírus, segundo outro co-autor, Yuelong Shu, do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da China, é que ele também possui, tal como o H7N9, “algumas características que lhe podem permitir replicar-se eficientemente nos humanos”.

Pelo seu lado, Mingbin Liu acrescenta que a emergência de um segundo caso humano de H10N8 numa mulher de 55 anos “é muito preocupante porque revela que este vírus tem continuado a circular e pode vir a causar mais infecções humanas no futuro”.

“É sempre preocupante quando um vírus atravessa a barreira entre as espécies, das aves ou de outros animais para os humanos, na medida em que é muito pouco provável que tenhamos previamente desenvolvido imunidade contra ele”, diz Jeremy Farrar, director do Wellcome Trust britânico e especialista da gripe, acrescentando que, este vírus apresenta de facto características que o tornam ainda mais preocupante.

fonte: Público

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Transmissão do vírus H7N9 entre humanos sem provas


Um responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou hoje não existirem provas que o vírus da gripe aviaria H7N9 esteja a ser transmitida entre pessoas na China, apesar de membros da mesma família terem adoecido com problemas respiratórios.

"Embora desconheçamos a fonte da infeção, neste momento não há provas de uma sustentada transmissão de humano para ser humano", disse Michael O'Leary, representante da OMS na China, citado pela agência France Press.

A preocupação surgiu em Xangai depois de dois filhos de uma das primeiras vítimas mortais do novo surto de gripe aviária terem contraído doenças respiratórias, mas as autoridades sanitárias chinesas negaram que os dois casos estejam relacionados com o vírus H7N9.

A OMS confirmou aquela avaliação.

"Os laços familiares levantam a possibilidade de uma transmissão de humano-para-humano, mas em ambos os casos isso não foi laboratorialmente confirmado", disse O'Leary.

O primeiro caso de contaminação de um ser humano pelo vírus H7N9 na China foi anunciado há apenas uma semana.

Desde então foram registados 21 casos, seis dos quais mortais, todos no leste da China, e em particular Xangai, onde ocorreram quatro das mortes.

O representante da OMS em Pequim elogiou a transparência das autoridades chinesas acerca do surto.

"Estamos muito satisfeitos e agradados com o nível de informação partilhado e acreditamos que temos sido plenamente informados e atualizados acerca da situação", disse O'Leary.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

20 mortos devido a surto de gripe nos Estados Unidos



O governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, decretou, este sábado, estado de emergência sanitária devido ao surto de gripe que atingiu mais de 19.000 pessoas naquele Estado norte-americano.

Andrew Cuomo autorizou ainda a administração de vacinas a bebés e crianças por farmacêuticos, iniciativa que surge um dia depois de as autoridades norte-americanas terem alertado que o surto se alastrou a todo o país e poderá durar ainda várias semanas a ser controlado.

Pelo menos 28.747 casos de gripe foram registados nos Estados Unidos durante este inverno, provocando a morte a 20 crianças, segundo os centros federais de controlo e prevenção de doenças.

Contudo, as autoridades estimam que o número de pessoas afetadas seja muito mais elevado, atendendo a que muitos pacientes não procuram um médico.

Na tentativa de conter a expansão de um vírus potencialmente mortal, o governador de Nova Iorque disse considerar ser extremamente importante suspender, nos próximos 30 dias, a regulamentação que dita que os farmacêuticos de Nova Iorque não podem vacinar os pacientes com menos de 18 anos.

"Estamos a enfrentar a pior epidemia de gripe desde meados de 2009 e o vírus está ativo em todo o Estado de Nova Iorque, com o registo de casos nos 57 condados e nos cinco bairros da cidade de Nova Iorque", afirmou Cuomo, num comunicado, citado pela AFP, em que explica porque decidiu decretar o estado de emergência.

No Estado de Nova Iorque, os casos de contágio por gripe subiram de 4.404 no anterior inverno para 19.128 no atual.

Na quinta-feira, as autoridades de Boston, capital do estado do Massachusetts (nordeste), também tinham declarado o estado de emergência sanitária por causa da propagação invulgar do vírus da gripe.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Autoridades da Nova Zelândia alertam para nova epidemia de gripe A (H3N2)


As autoridades sanitárias da Nova Zelândia alertaram a população para a presença de uma epidemia de gripe A (H3N2), que causa febre alta, náuseas e alucinações e que pode ser tão perigosa como a de 2009, que matou 49 pessoas, informou hoje a imprensa local.

A cidade mais afetada é Christchurch, na ilha sul e com uma população de 370.000 pessoas, apesar de também haver registo de contágio em Auckland, na ilha norte.

No hospital de Christchurch foi criada uma zona especial, onde são tratados 60 doentes, sete deles em acompanhamento nos cuidados intensivos, segundo o diário "The New Zealand Hearald".

A vacina para as pessoas com sintomas, mulheres grávidas e maiores de 65 anos é grátis, mas as autoridades prevêem que a epidemia se propague a todo o país nas próximas semanas.

O virólogo Lance Jennings, do Hospital de Christchurch, explicou que este vírus da gripe A (H3N2) deriva da pandemia que surgiu em Hong Kong em 1968 e que este circulará pela Nova Zelanda até que a população alcance um nível de imunidade elevado.

fonte: RTP Noticias

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Gripe aviária mata mais de três milhões de aves


Cerca de 3,8 milhões de aves morreram no México e 9,3 milhões estão infetadas com gripe aviária em quintas de Jalisco, no oeste do país, informaram na terça-feira as autoridades mexicanas.

Os 3,8 milhões de aves morreram devido à gripe ou tiveram de ser abatidas para evitar a propagação do vírus e dos 16,5 milhões de aves que permanecem nos municípios de Tepatitlán e de Acatic, onde surgiu e epidemia a 18 de junho, 9,3 milhões contraíram o vírus, revelam os dados avançados pelas autoridades locais.

Estão a ser fabricadas 80 milhões de doses de vacinas para serem aplicadas a 40 milhões de aves numa primeira fase, a partir do final do mês.

Nas primeiras três semanas da epidemia, a morte de 2,5 milhões de aves causou perdas económicas de 50 milhões de dólares (40,6 milhões de euros) em vários setores de produção do México, que produz cerca de 2,5 milhões de toneladas de ovos e 1,2 milhões de toneladas de carne de aves por ano.