segunda-feira, 23 de julho de 2012

Autoridades da Nova Zelândia alertam para nova epidemia de gripe A (H3N2)


As autoridades sanitárias da Nova Zelândia alertaram a população para a presença de uma epidemia de gripe A (H3N2), que causa febre alta, náuseas e alucinações e que pode ser tão perigosa como a de 2009, que matou 49 pessoas, informou hoje a imprensa local.

A cidade mais afetada é Christchurch, na ilha sul e com uma população de 370.000 pessoas, apesar de também haver registo de contágio em Auckland, na ilha norte.

No hospital de Christchurch foi criada uma zona especial, onde são tratados 60 doentes, sete deles em acompanhamento nos cuidados intensivos, segundo o diário "The New Zealand Hearald".

A vacina para as pessoas com sintomas, mulheres grávidas e maiores de 65 anos é grátis, mas as autoridades prevêem que a epidemia se propague a todo o país nas próximas semanas.

O virólogo Lance Jennings, do Hospital de Christchurch, explicou que este vírus da gripe A (H3N2) deriva da pandemia que surgiu em Hong Kong em 1968 e que este circulará pela Nova Zelanda até que a população alcance um nível de imunidade elevado.

fonte: RTP Noticias

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Gripe aviária mata mais de três milhões de aves


Cerca de 3,8 milhões de aves morreram no México e 9,3 milhões estão infetadas com gripe aviária em quintas de Jalisco, no oeste do país, informaram na terça-feira as autoridades mexicanas.

Os 3,8 milhões de aves morreram devido à gripe ou tiveram de ser abatidas para evitar a propagação do vírus e dos 16,5 milhões de aves que permanecem nos municípios de Tepatitlán e de Acatic, onde surgiu e epidemia a 18 de junho, 9,3 milhões contraíram o vírus, revelam os dados avançados pelas autoridades locais.

Estão a ser fabricadas 80 milhões de doses de vacinas para serem aplicadas a 40 milhões de aves numa primeira fase, a partir do final do mês.

Nas primeiras três semanas da epidemia, a morte de 2,5 milhões de aves causou perdas económicas de 50 milhões de dólares (40,6 milhões de euros) em vários setores de produção do México, que produz cerca de 2,5 milhões de toneladas de ovos e 1,2 milhões de toneladas de carne de aves por ano.


terça-feira, 26 de junho de 2012

Gripe das aves matou 15 vezes mais do que foi anunciado na altura


A pandemia da gripe das aves de 2009 pode ter matado 15 vezes mais pessoas do que os números apresentados na altura pela Organização Mundial da Saúde, avançou um estudo realizado por investigadores norte-americanos.

O estudo, divulgado esta terça-feira pela agência internacional de notícias Bloomberg, diz que o número de mortes causadas pela gripe das aves terá ultrapassado as 284 mil pessoas, sendo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) apontava, em 2009, para 18.500 mortes.

O estudo sobre o impacto do vírus H1N1 em 2009 foi realizado por investigadores do centro norte-americano de Controlo e Prevenção de Doenças, com base em modelos matemáticos e casos reais, e publicado na revista médica "The Lancet Infectious Diseases".

Segundo o documento, mais de metade das mortes terá ocorrido no sudeste da Ásia e em África, uma percentagem que ultrapassa muito os 12% de casos mortais apontados pela OMS como estimativas para essas regiões.

A OMS foi criticada na altura por exagerar a ameaça de H1N1, tendo mesmo previsto, durante o surto, que o número final de mortes iria acabar por ser "indiscutivelmente maior" do que o registado.

"As mortes confirmadas em laboratório subestimam a mortalidade da gripe devido à falta de testes laboratoriais de rotina e às dificuldades na identificação de mortes relacionadas com a gripe", explicam os investigadores no estudo.

A presença do vírus H1N1 foi reportada em 214 países até agosto de 2010, quando a OMS declarou o fim da pandemia. Desde então tornou-se uma das três estirpes de gripe sazonal, que circulam em todo o mundo, causando infeções principalmente durante os meses de inverno.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Publicado o último artigo sobre o vírus da gripe das aves modificado em laboratório

As aves são o repositório natural da gripe: foi nelas que surgiu o H5N1

As aves são o repositório natural da gripe: foi nelas que surgiu o H5N1 

Quem quiser produzir um vírus da gripe das aves capaz de ser potencialmente transmitido entre humanos tem uma nova receita. Está descrita nas oito páginas do artigo da equipa de Ron Fouchier, do Centro Médico Erasmus, em Roterdão, Holanda. O artigo é publicado esta sexta-feira na revista científica Science e mostra quais são as alterações necessárias no genoma do vírus H5N1, para passar a ser transmitido por via aérea entre mamíferos. Esta informação poderá ser o utensílio que as autoridades de saúde necessitavam para antecipar a próxima pandemia da gripe.

É preciso recuar até 1996 para contar esta história, quando o vírus da gripe das aves H5N1 foi, pela primeira vez, detectado num ganso na China. Um ano depois, vários surtos da doença afectaram criações de aves e surgiu a primeira vítima humana. Desde então, o H5N1 já infectou 606 pessoas e matou 357 em 15 países, desde a Indonésia até ao Egipto, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta percentagem de mortes é brutal. Em comparação, a gripe suína H1N1 de 2009 matou 0,01% dos infectados. 

É preciso estar-se em contacto próximo com uma ave infectada para acontecer a transmissão aos humanos. O H5N1 está adaptado às aves, nas pessoas só consegue reproduzir-se nos tecidos já perto dos pulmões, causando pneumonias e matando facilmente. Mas não infecta as vias respiratórias superiores e, por isso, não passa entre pessoas por gotículas que estão no ar - a condição necessária para surgir uma nova pandemia.

Em Setembro de 2001, duas equipas conseguiram, em laboratório, transformar o H5N1, de modo a ser transmitido por via aérea entre furões, os modelos favoritos para o estudo da gripe. Meses depois, a equipa de Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin, nos EUA, apresentava à revista Nature um dos estudos para publicação, enquanto Fouchier enviava o seu manuscrito à Science, o que causou a maior polémica científica dos últimos meses. 

Vários críticos temiam que a descrição das experiências permitisse a produção de armas biológicas ou que um cientista de garagem provocasse a próxima pandemia. As autoridades, nomeadamente dos EUA e da Holanda, pediram que os estudos não fossem publicados. Em Janeiro, as equipas envolvidas neste tipo específico de estudo assinaram uma moratória, para que estas investigações parassem. Houve reuniões com a OMS e só recentemente foi permitido que, primeiro o artigo de Kawaoka e depois o de Fouchier, fossem publicados, com o argumento que estes dados podiam ajudar a combater uma pandemia. 

O artigo de Kawaoka saiu em Maio. O de Fouchier é mais arrojado e a sua publicação foi mais ponderada. Enquanto Kawaoka utilizou genes do H1N1, o vírus da gripe suína, para construir o vírus final H5N1 capaz de infectar furões pelo ar, a equipa holandesa provou que é possível atingir o mesmo objectivo só com alterações no vírus da gripe das aves.

"O objectivo foi compreender como é que o vírus da gripe das aves pode passar a ser transmitido entre mamíferos", explicou Fouchier, numa conferência de imprensa organizada pela Science. 

Os vírus são compostos por uma cápsula de proteínas que envolve material genético. Quando encontram a célula certa, injectam este material, ligando-se por uma espécie de "antena". Depois, a maquinaria celular é parasitada: multiplica o material genético do vírus e produz as suas proteínas. No fim, novos vírus libertam-se e vão atacar outras células. 

No vírus da gripe, esta "antena" é a proteína hemaglutinina (HA). Pode ter variações, como H1 ou H2. No H5N1, são pequenas alterações na hemaglutinina que permitem ao vírus infectar as células das vias respiratórias superiores em mamíferos.

Fouchier e os seus colegas foram olhar para a história das pandemias da gripe. Descobriram três mutações nesta proteína que levaram à emergência destes surtos e experimentaram fazer estas mutações no H5N1. 

O resultado não criou um vírus capaz de se transmitir pelo ar entre furões. Por isso, o passo seguinte foi infectar dez furões: infectaram o primeiro com o H5N1 mutado, deixaram a doença desenvolver-se, retiraram uma amostra de vírus e aplicaram-na num segundo furão, e assim sucessivamente. Este método permitiu que o vírus sofresse mutações. Quando chegaram ao décimo furão, os vírus tinham mutações diferentes. 

Alguns destes vírus conseguiram infectar outros furões pelo ar. "O H5N1 pode adquirir a capacidade de se transmitir pelo ar entre mamíferos, e mostrámos que o número mínimo de mutações é pelo menos cinco, mas certamente menos do que dez", garante Fouchier. Apesar de o novo vírus transmitido por via aérea não ter morto os furões, ninguém sabe o que acontecerá se um vírus destes surgir na natureza.Mas há um risco: duas destas mutações já aparecem frequentemente. No Egipto, as 168 pessoas que tiveram gripe das aves foram infectadas pelo H5N1 com uma destas mutações, embora a variação só esteja presente em parte dos vírus nas aves. 

Um segundo artigo da Science, que Fouchier também assina, tenta perceber qual é a probabilidade desta estirpe aparecer na natureza. Apesar de poder surgirum vírus pandémico, o estudo não consegue avaliar o grau de risco. É preciso saber mais e aprofundar a vigilância na natureza, para identificar a tempo se estas mutações estão a aparecer. Um dado interessante sobre os trabalhos de Fouchier e Kawaoka é que, mesmo que as mutações necessárias para tornar o H5N1 transmissível entre mamíferos não sejam iguais, causam o mesmo tipo de alterações no vírus. "É ainda preciso fazer muito para conhecer outras alterações [no vírus] que causem o mesmo efeito", disse Colin Russell ao PÚBLICO, outro autor do segundo artigo, da Universidade de Cambridge.

E isto leva-nos à discussão ética que atrasou a publicação dos artigos. Os laboratórios estão parados enquanto houver a moratória. Em Julho, vão discutir-se, em Nova Iorque, as condições a este tipo de ciência, para reduzir os seus riscos, o que poderá então pôr fim à moratória.

fonte: Público

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Publicada a receita que tornou o vírus da gripe das aves transmissível entre mamíferos


O vírus da gripe das aves foi submetido a mutações em laboratório para infectar facilmente os mamíferos 

Quatro mutações genéticas separam o mundo de uma pandemia provocada pelo perigoso vírus da gripe das aves? Não se sabe. Mas a equipa de Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, conseguiu adaptar a “antena” do vírus H5N1 para infectar as células de mamíferos, de modo a ser potencialmente transmissível entre pessoas. 

A receita, que permitiu criar em laboratório um H5N1, foi publicada hoje na revista Nature, depois de uma polémica de meses sobre se devia ou não ser divulgada. A equipa diz que pode ajudar a antecipar ocorrências de vírus na natureza com potencial pandémico. 

O H5N1 já infectou 602 pessoas desde 1996, quando foi descoberto. Estes doentes contraíram a gripe em contacto muito próximo com as aves — o hospedeiro natural deste vírus. Apesar de não terem transmitido o H5N1 a outras pessoas, 355 dos doentes morreram, o que equivale a 60% de mortes. Um número brutal quando comparado com a gripe suína H1N1, que em 2009 fez as parangonas noticiosas, mas causou a morte a muito menos doentes: 0,01%. 

Várias equipas já tinham tentado perceber como é que o vírus pode transmitir-se entre pessoas. Kawaoka deu o passo decisivo e em Agosto de 2011 apresentou o estudo àNature. A demora da publicação deveu-se à polémica gerada: temia-se que o trabalho fosse usado para produzir armas biológicas. Só depois de se avaliarem os prós e contras da divulgação desta investigação é que o Governo dos EUA deixou sair o artigo.

Quatro mutações

Os vírus são uma cápsula de proteínas que protege um pedaço de material genético. Ligam-se às células para injectarem este material usando uma proteína específica, uma espécie de “antena” que reconhece a célula certa. Depois, a maquinaria celular faz o resto do trabalho: multiplica o material genético do vírus, produz as suas proteínas e, de um momento para o outro, novos vírus ficam prontos para atacarem outras células. 

No caso da gripe, a “antena” do vírus é a hemaglutinina, ou HA, que pode ter variações como H1 e H2. A H5 do vírus da gripe das aves é perfeita para infectar o tecido respiratório delas, mas nos humanos não infecta as células das vias respiratórias superiores. E é esta característica que torna o vírus transmissível entre pessoas. Mas teme-se que ocorram mutações na natureza que façam com que o vírus se adapte aos humanos.

Ora, a equipa de Kawaoka conseguiu isso no laboratório. Provocou mutações aleatórias na região da proteína H5 que está em contacto com os receptores, ou portas de entrada, das células. “Antes de iniciarmos a experiência, sabíamos que a especificidade do receptor era importante”, disse Kawaoka à Nature. “Mas não sabíamos o que mais era necessário.”

Uma das 2,1 milhões de proteínas resultantes das experiências tinha duas mutações, que a tornaram específica para as células das vias respiratórias superiores. Depois, os cientistas fabricaram um novo vírus H5N1, que inclui o gene que comanda a produção da nova H5 e ainda mais sete genes do vírus H1N1 da gripe suína. Com o novo vírus, infectaram furões, o modelo preferido para estudar a gripe. Ao fim de algum tempo, gerou-se um H5N1 com mais duas mutações na H5, que o tornou facilmente transmissível entre os furões através de gotículas aéreas.

Embora o novo vírus não seja letal nos furões, ninguém sabe se aparecerá na natureza. A vantagem, diz Kawaoka, é que se identificaram os mecanismos pelos quais o vírus passou a ser transmissível em mamíferos, o que ajudará a perceber se a próxima pandemia está a chegar.

Sobre a possibilidade de o artigo poder ter sido censurado e, caso isso tivesse acontecido, a informação só chegar a alguns investigadores, o editor da revista Nature, Philip Campbell, numa conversa com a BBC News, questionou essa opção: "Se vamos pela via da censura, como é que se decide quais os investigadores que recebem informação sensível? E como é que se pode assegurar, de uma forma realista, que uma vez que a informação chegue ao ambiente universitário, não vá mais longe?" 

fonte: Público

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Investigação do vírus da gripe H5N1 no centro da polémica


O vírus da gripe das aves foi submetido a mutações em laboratório, o que desencadeou uma discussão mundial 

A investigação mais polémica dos últimos meses tem um novo capítulo. Discute-se, esta segunda-feira à noite, numa reunião do Ministério dos Negócios Estrangeiros holandês, em Haia, se uma investigação sobre o vírus da gripe das aves, ou H5N1, pode ser publicada. Qualquer que seja o resultado do encontro, Ron Fouchier, o responsável pelo trabalho, diz que avançará com a publicação. 

O holandês, que acabou de constar na lista da revista Times como uma das 100 pessoas mais influentes de 2012, é um dos cientistas que está à frente de uma batalha sobre liberdade científica e biossegurança. Tudo começou no ano passado, quando Ron Fouchier, do Centro Médico Erasmus em Roterdão, submeteu para publicação na revista Science um artigo no qual mostrava as mutações que fez no H5N1 para que o vírus passasse a ser transmissível entre mamíferos – neste caso, doninhas, o modelo animal por excelência para estudar a gripe nos humanos. Ao mesmo tempo, a equipa de Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, enviou um artigo para a revista Nature, com um estudo independente onde demonstrava o mesmo. 

O vírus H5N1 só é transmissível das aves para as pessoas, mas a mortalidade humana é muito elevada, provavelmente maior do que a da gripe de 1918, que matou entre 20 a 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Todos os meses continua a haver casos de pessoas infectadas pelo vírus, por terem tido contacto com aves. Normalmente, os infectados acabam por morrer nos hospitais. O último caso descrito pela Organização Mundial de Saúde, na sua página na Internet, foi no Egipto a 12 de Abril deste ano. 

O que os especialistas em epidemiologia temem é que o vírus acumule naturalmente as mutações suficientes e que passe a ser transmissível entre pessoas. Apesar de estas duas equipas já terem apresentado a sua investigação em algumas conferências, em Dezembro Conselho Nacional Científico para a Biossegurança dos Estados Unidos (NSABB, sigla inglesa) negou a publicação dos dois artigos, receando que a informação fosse aproveitada por alguém para desenvolver um vírus mutado.

A discussão continuou. Em Janeiro, 20 equipas que trabalham na mutação do vírus da gripe assinaram uma moratória, para que, durante dois meses, a investigação parasse e se reflectir sobre o caminho a seguir. Tanto o grupo de Fouchier, como o de Kawaoka, apesar de terem assinado a moratória, opunham-se a esta decisão, já que defendiam que as suas investigações eram uma forma de conseguir estar um passo à frente de uma possível pandemia. 

No mês seguinte, uma reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que era necessário “alargar o prazo da moratória temporária da investigação do novo vírus H5N1 modificado em laboratório e reconhecer a necessidade de continuar os trabalhos no H5N1 que ocorre na natureza, para proteger a saúde pública”.

A 30 de Março aconteceu um volte-face surpreendente. Uma votação, ao fim de dois dias de uma reunião do NSABB, recomendou a publicação dos dois artigos científicos. Paul Kleim, presidente do conselho, referiu que a nova versão dos artigos mostrava que as experiências não eram tão perigosas como pareciam inicialmente e que os benefícios da sua divulgação eram superiores aos possíveis riscos. Na semana passada, o Governo dos Estados Unidos, através dos Institutos Nacionais de Saúde, aceitou formalmente a recomendação do conselho.

Mas, de acordo com o Governo da Holanda, há problemas legais em relação à publicação do artigo da equipa de Fouchier: o cientista holandês terá de obter uma autorização de exportação para publicar a investigação, já que a informação descrita tem o duplo potencial de fazer tanto o bem como o mal. 

O cientista já respondeu a esta possibilidade, garantindo que vai publicar o artigo aconteça o que acontecer. “Nunca iremos pedir uma autorização de exportação sobre a publicação de um artigo científico. Não queremos criar um precedente”, disse Fouchier, citado pela revista Nature. “Poderemos acabar no tribunal, se insistirem na censura.”

Fouchier está na reunião desta segunda-feira em Haia, para defender a publicação, juntamente com 30 convidados, entre os quais Kawaoka e outros cientistas e responsáveis dos Estados Unidos, Japão, Indonésia, Vietname, Reino Unido, assim como representantes das revistas Science e Nature e da OMS.Nos bastidores

Mas o caso deverá ter outras repercussões. Na Holanda, já se fala da criação de um concelho europeu equivalente ao NSABB para a discussão da biossegurança, especialmente no caso de doenças com um potencial perigoso para a humanidade como o H5N1. Uma das questões que está a ser discutida é a facilidade com que se deu luz verde a estes dois projectos, em primeiro lugar.

Nos Estados Unidos, o caso também está longe de arrefecer. A revista Science obteve, por fonte anónima, uma carta de Michael Osterholm dirigida Amy Patterson, uma das responsáveis do NSABB. Osterholm, especialista em epidemiologia da Universidade de Minesota, foi um dos seis membros da última reunião do conselho que se manifestaram contra a publicação dos dois artigos sobre as estirpes mutante do H5N1, mas que perderam contra os 12 votos a favor. 

“Estou preocupado com o cientista de garagem, o cientista 'faça você mesmo', a pessoa que quer ver se consegue fazer a experiência", disse Michael Osterholm, citado pela BBC News, na altura em que o resultado da votação foi noticiado. 

Na carta, as acusações do especialista são mais sérias. Michael Osterholm argumenta que a reunião foi “estudada para se obter o resultado que se obteve”. Diz que, por um lado, os especialistas no conselho tinham um interesse directo em que a publicação dos artigos fosse aprovada, já que “estão envolvidos no mesmo tipo de trabalho e os resultados da nossa deliberação vão afectá-los directamente”, refere Osterholm na carta. Por outro lado, defende que, embora “não acredite em qualquer objectivo sinistro” do Governo norte-americano, este estava mais motivado para uma resolução “que era menos sobre ciência robusta – e política baseada na análise do risco e benefício – e mais para se livrar desta questão difícil”. 

Michael Osterholm revela ainda que a equipa de Fouchier já deu mais um passo na investigação do vírus: encontrou uma mutação que facilita ainda mais a transmissão do H5N1 entre doninhas. Para este especialista, a aprovação do conselho dificulta a proibição de qualquer nova descoberta que venha a caminho, independentemente de representar um perigo acrescido para a biossegurança mundial.

fonte: Público

terça-feira, 3 de abril de 2012

Conselho dos EUA recomenda publicação de artigos polémicos sobre gripe das aves


A gripe é transmitida das aves para as pessoas quando há contacto próximo

O Conselho Nacional Científico para a Biosegurança dos Estados Unidos recomendou agora a publicação de dois artigos científicos sobre o vírus da gripe das aves que foram alvo de polémica nos últimos meses.

A publicação dos artigos, que tinham sido submetidos no ano passado, um à revista Nature e outro à Science, foi impedida em Dezembro pela mesma entidade norte-americana, devido ao perigo de a informação ser utilizada para produzir uma arma de bioterrorismo.

As investigações revelavam quais eram as mutações necessárias para o vírus da gripe das aves, o H5N1, poder ser transmitido entre doninhas – o modelo animal por excelência para estudar a gripe nos humanos. 

Temeu-se que estas descobertas – da equipa de Ron Fouchier, do Centro Médico Erasmus, em Roterdão, e da equipa de Yoshihiro Kawaoka, da Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA –fossem usadas para fabricar um vírus capaz de ser transmitido entre humanos e causar uma pandemia.

Para já, o vírus H5N1 só é transmissível das aves para as pessoas, mas a mortalidade humana é muito elevada, provavelmente maior do que a da gripe de 1918, que matou entre 20 a 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Em Janeiro deste ano, 20 equipas que trabalham na mutação do vírus da gripe assinaram uma moratória, para que, durante dois meses, a investigação parasse, para se reflectir sobre o caminho a seguir. 

Yoshihiro Kawaoka, um dos signatários da moratória, criticou na altura a iniciativa num artigo de opinião na Nature. “Algumas pessoas argumentam que os riscos destes estudos – mau uso e a libertação acidental do vírus, por exemplo – pesam mais do que os benefícios”, escreveu. “Oponho-me a isso. O vírus H5N1 que circula na natureza já é uma ameaça, porque os vírus da gripe sofrem constantemente mutações e podem estar na origem de pandemias que causam a perda de grande número de vidas.” 

Em Fevereiro, uma reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS) concluiu que era necessário “alargar o prazo da moratória temporária da investigação do novo vírus H5N1 modificado em laboratório e reconhecer a necessidade de continuar a investigação do H5N1 que ocorre na natureza, para proteger a saúde pública”, dizia em comunicado a OMS.

Mas agora, depois de os artigos terem sido reescritos, houve uma mudança de opinião do Conselho Nacional Científico para a Biosegurança dos Estados Unidos. O seu presidente, Paul Kleim, disse esta sexta-feira, segundo o jornal The New York Times, que a nova versão dos artigos mostra que as experiências não eram tão perigosas como parecia inicialmente e que os benefícios da sua divulgação eram superiores a eventuais riscos.

Mesmo assim, enquanto o artigo de Yoshihiro Kawaoka na Nature deverá ser publicado na íntegra, o de Ron Fouchier na Science só poderá incluir parte da informação relativa à experiência. 

No entanto, há especialistas que não estão contentes e defendem que estas investigações nunca deveriam ter sido financiadas. Michael Osterholm, um dos membros do conselho, receia que os amadores usem esta informação. “Estou preocupado com o cientista de garagem, o cientista 'faça você mesmo', a pessoa que quer ver se consegue fazer a experiência", disse Michael Osterholm, citado pela BBC News. 

fonte: Público

terça-feira, 27 de março de 2012

Descoberta primeira mutação humana que dá vulnerabilidade à gripe































A mutação só explicará o que se passa numa pequena parte das pessoas infectadas pelo vírus da gripe que ficaram muito doentes 

Uma mutação no gene humano IFITM3 foi associada a uma maior vulnerabilidade a infecções virais, em particular à gripe. Um estudo publicado na revista Nature mostrou que a mutação era muito mais frequente em doentes graves hospitalizados devido à estirpe H1N1, durante a pandemia de 2009, do que na população normal. Foi a primeira vez que se encontrou um gene directamente responsável pela vulnerabilidade a infecções.

“As doenças infecciosas são elas próprias genéticas. Esta foi a primeira observação de um gene que leva à susceptibilidade da gripe”, disse Kenneth Baillie, da Universidade de Edimburgo, um dos autores que assinou o artigo. “Pensamos num vírus como algo que nos infecta ou não”, explicou, citado pela BBC News. “Mas de facto, sabemos que a probabilidade de se contrair uma doença infecciosa é passada nas famílias de uma forma mais forte do que o cancro ou as doenças cardíacas.”

A equipa começou por estudar o efeito deste gene em ratinhos. O gene IFITM3 dá origem a uma proteína importante na primeira linha de protecção das células contra os vírus. Estes agentes patogénicos dependem da maquinaria celular para se replicar: entram na célula, inserem o seu ADN no meio dos cromossomas humanos e põem a maquinaria celular a produzir material genético e proteínas que se agregam, formando novos vírus. Depois, os agentes saltam fora da célula destruída, prontos para repetir a táctica e continuarem a infecção. 

No caso da gripe, o IFITM3 começa a ser expresso no tecido dos pulmões quando o sistema imunitário dá sinais da existência do vírus. Nos ratinhos mutantes que tinham este gene disfuncional, uma simples gripe era muito mais letal. Em comparação com ratinhos normais, o vírus penetrava mais no tecido dos pulmões, tinha uma replicação dez vezes maior e causava pneumonia como nas situações mais severas de gripe. Os ratinhos emagreciam muito e ficavam à beira da morte.

No caso da pandemia H1N1, os 53 doentes estudados que foram para ao hospital, no Reino Unido, com situações graves de gripe. Este grupo tinha uma frequência 17 vezes maior de uma mutação não funcional do gene IFITM3 do que a população caucasiana europeia. 

Os investigadores acreditam que a versão alterada do gene poderá causar ou uma proteína mais pequena ou pode diminuir a abundância da molécula. Uma das primeiras barreiras contra este vírus fica comprometida. 

Apesar de a mutação só aparecer numa parcela pequena dos doentes graves infectados pelo vírus H1N1, não explicando todas as situações, Abraham Brass, cientista da Universidade de Havard que liderou a investigação, diz que estes resultados sugerem que “indivíduos e populações com uma actividade menor do gene IFITM3 podem correr um risco acrescido durante uma pandemia, e que o IFITM3 pode ser vital para defender as populações humanas contra outros vírus como a gripe aviária”, disse à Reuters.

fonte: Público

domingo, 18 de março de 2012

Portugal gastou 15 milhões em vacinas contra a gripe A, mas destruiu mais de metade























Fraca adesão resultou numa utilização das vacinas muito inferior à esperada 

Portugal comprou dois milhões de vacinas contra a gripe A, por 15 milhões de euros, mas acabou por destruir mais de metade, que equivale a 9,7 milhões, segundo a sub-directora geral da Saúde. 

Em entrevista à Lusa, Graça Freitas explicou que foram administradas 700 mil vacinas e realçou que foram vários os factores que estiveram na origem desta “reduzida adesão” à vacinação contra o H1N1 pandémico em 2009, nomeadamente o facto de a actividade gripal se ter revelado mais moderada do que o esperado.

Esta fraca adesão resultou numa utilização das vacinas muito inferior à esperada. Assim, inicialmente o Estado português tinha encomendado seis milhões, mas conseguiu a compra de apenas dois milhões, considerados suficientes na altura.

Destes dois milhões de vacinas, que custaram 15 milhões de euros, foram administradas pouco mais de 700 mil.

As restantes, explicou Graça Freitas, ou foram inutilizadas, pois os frascos tinham dez doses e as que não eram administradas na altura não podiam ser guardadas, ou simplesmente foram destruídas.

O prazo de validade destas vacinas expirou em Agosto de 2011, mas mesmo se tal não tivesse acontecido elas não podiam ser usadas, pois o vírus da época gripal seguinte (2009/10) foi outro.

Por definir está o futuro do antiviral Oseltamivir, que Portugal adquiriu em 2005 para responder a uma eventual pandemia do vírus da gripe das aves.

Parte dos 2,5 milhões de tratamentos, adquiridos por 22,58 milhões de euros para a reserva estratégica de medicamentos, foi usada aquando da pandemia do H1N1, em 2009, mas uma outra continua guardada.

Graça Freitas revelou à Lusa que este produto deverá ser sujeito a uma reavaliação ainda durante este ano, de modo a assegurar que está em condições para prolongar a sua validade.

Se as autoridades competentes decidirem que esse prazo foi ultrapassado, ou se o produto não estiver em condições, o Oseltamivir deverá ser destruído, adiantou a sub-directora geral da Saúde.

Além deste medicamento, Portugal dispõe na sua reserva estratégica de medicamentos de vacinas contra a varíola, que têm uma validade “muito prolongada”, disse.

Para a gripe sazonal da presente época foram distribuídas gratuitamente 330 mil doses de vacinas nos centros de saúde, nomeadamente aos idosos com mais de 65 anos e baixo rendimento, e às pessoas institucionalizadas.

Graça Freitas reconhece que a adesão tem ficado “aquém das expectativas”, mas não adianta justificações nem estabelece, para já, uma ligação deste facto ao elevado número de mortos que se tem registado nas últimas semanas.

Certo é que o vírus em circulação (H3N2) é “bastante agressivo” e tem “uma expressão mais grave do que a gripe pandémica” de 2009, disse.

fonte: Público

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Frio e gripe terão aumentado mortalidade em meados de fevereiro


Gripe terá sido uma das causas

O Instituto de Saúde Ricardo Jorge confirmou esta segunda-feira, através de comunicado, o aumento da mortalidade em Portugal "por todas as causas", entre os dias 13 e 19 de fevereiro.

No texto, a instituição adiantou que "os períodos de frio extremo, assim como as epidemias de gripe, estão associadas a excessos de mortalidade", acrescentando que, "em Portugal, a média ao longo de várias épocas foi de cerca de 2.400 óbitos, variando entre a ausência de excesso e um acréscimo de 8.500 (1998-1999)".

Sobre o aumento da mortalidade verificado nas últimas semanas em Portugal, o Instituto Ricardo Jorge admitiu que "está muito possivelmente associado ao período de frio e à circulação de agentes infeciosos respiratórios que ocorreu em simultâneo".

Mais adiantou que "as análises preliminares dos dados efetuadas, apenas com números absolutos e não com taxas, mostram que o excesso de mortalidade se concentra no grupo etário dos 75 e mais anos", bem como nas regiões Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo.

O apuramento efetivo do impacto da infeção por gripe e o período de frio extremo na mortalidade só será possível, esclareceu, "com a análise da mortalidade desagregada por causas de morte, por região e por grupos etários", mas desde já assegurou que "não se identificaram outros fatores que melhor possam explicar o excesso de mortalidade observado".

O período para este "apuramento epidemiológico e estatístico mais exaustivo" é estimado pelo Instituto em pelo menos seis meses, por estar "condicionado à disponibilidade da mortalidade por causa específica".

Em todo o caso, assegurou que vai investigar "em profundidade" os motivos associados a este excesso de mortalidade, em articulação com a Direção-Geral da Saúde.

O Instituto Ricardo Jorge disponibiliza todas as quintas-feiras, na sua página na internet (www.insa.pt), o Boletim da Gripe.

fonte: JN

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Seis passos para aliviar os sintomas da gripe















1 - Primeiros sintomas

Acordou com a sensação de que alguma coisa não está bem, a cabeça está pesada e sente picos na garganta? O melhor é não fazer planos para grandes refeições. Para Francisco Varatojo, professor de medicina oriental e autor do livro Mente Sã, Corpo São (ed. A Esfera dos Livros), as constipações estão frequentemente ligadas a distúrbios digestivos e são uma forma de o organismo se adaptar a mudanças internas ou externas súbitas. «Comer pouco, mastigar bem e evitar refeições com texturas pastosas, que aumentam os mucos, já ajuda muito», diz ao SOL.Outra recomendação é beber chá de kuzu – planta originária do Oriente que foi trazida para o Ocidente há cerca de um século –, que se compra sob a forma de um pó branco – na realidade, é a raiz da planta. As suas propriedades terapêuticas «normalizam a temperatura do corpo e melhoram as funções digestivas».

2 - Nas duas primeiras horas

Carlos Martins recomenda pôr gotas de soro fisiológico no nariz para diminuir o entupimento ou, em casos mais intensos, a utilização de um descongestionante nasal, mas alerta para evitar o tratamento demasiado prolongado. Para alívio das dores de cabeça e do corpo, aconselha a toma de paracetamol, que em casos de febre ligeira também pode ajudar.

Para a garganta irritada, o ideal, segundo Francisco Varatojo, é gargarejar com água salgada.

3 - À hora do almoço

Francisco Varatojo diz que deve «comer-se vegetais e cereais, em pouca quantidade. E em vez de carne ou peixe». O especialista aconselha também a ingestão de chás naturais, além do kuzu. Por exemplo, o chá de nabo ou de cebola também contribuem para a melhoria dos sintomas.

Para o médico de família, Carlos Martins, a hidratação do organismo é muito importante: «Não há melhor xarope para a tosse do que um copo de água».

4 - A meio do dia

Aplicar uma toalha bem quente e húmida na zona cervical durante 15 a 20 minutos, substituindo a toalha sempre que esta arrefeça.

5 - Antes de dormir Francisco Varatojo defende que não se deve ingerir alimentos duas ou três horas antes de irmos para a cama.

Carlos Martins aconselha a reforçar a hidratação – com mais chás ou, ainda melhor, simplesmente com água.

Outro truque para o conforto geral, mas também para activar o sistema imunitário, é mergulhar os pés em água salgada quente durante 15 minutos. O chamado ‘escalda pés’ «activa os meridianos dos membros inferiores e melhora a actividade dos rins», conhecidos como os filtros do organismo.

Por fim, o conselho de ambos os especialistas é uma boa noite de sono.

6 - No dia seguinte

Sente-se melhor? Óptimo. Agora é só recomeçar e fazer tudo outra vez. Ainda que os sintomas pareçam ter desaparecido, é necessário repetir estes passos durante cerca de três dias.

fonte: Sol

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

OMS discute à porta fechada o que fazer com investigação sobre gripe das aves


Milhões de aves foram mortas devido à suspeita da gripe 

A polémica que já obrigou 30 equipas de investigação a assinarem uma moratória onde se comprometiam a parar o seu trabalho durante 60 dias está agora a ser discutida numa reunião à porta fechada, na sede de Genebra da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O que está por trás da reunião? A investigação feita por duas equipas independentes que conseguiram mutar o vírus da gripe das aves de modo a, presumivelmente, passar de pessoa para pessoa. Uma investigação que ainda está à espera de ser publicada por se temer que caia nas mãos erradas, e possa ser utilizada para desenvolver armas biológicas, causando uma pandemia de gripe pior do que a de 1918.

Antes da gripe dos porcos que fez as manchetes no Verão de 2009, já a gripe das aves era uma preocupação há anos. O H5N1 foi detectado pela primeira vez em 1997, em Hong Kong, e devastou bandos de patos e galinhas na Ásia, chegando ao Médio Oriente e à Europa.

A transmissão para humanos em contacto com animais continua a ser uma realidade. Só desde 1 de Janeiro deste ano, a OMS tem nove relatos de episódios de transmissão, que aconteceram em cinco países diferentes, afectaram dez pessoas e mataram sete. 

Segundo a organização a mortalidade da gripe das aves é de 59%. Um valor altíssimo se for comparado com a gripe espanhola, que em 1918 matou 2,5% das pessoas que infectou: e que ainda assim, estima-se que tenha morto entre 20 e 50 milhões de pessoas. 

Vários cientistas contestam este valor da fatalidade da gripe das aves, dizendo que os números de infectados que a OMS tem não contemplam infecções assintomáticas ou leves, que não acabaram no hospital. 

Num artigo noticioso desta semana da Nature, Declan Butler descreve vários estudos que tentaram analisar a percentagem de população que foi infectada, em certas regiões da Ásia. Apesar de os números serem contraditórios, o artigo sublinha outro aspecto. “Não me interessa que o vírus tenha um rácio de fatalidade de 50% ou 5% ou 1%, ainda seria um problema grande”, disse Marc Lipsitch, epidemiologista da Harvard School of Public Health, Boston, Massachusetts, citado no artigo, que refere ainda que ficará sempre acima da capacidade que os países têm para enfrentar uma pandemia.

Neste contexto, a polémica estalou quando em Setembro de 2011 uma equipa de investigadores conseguiu mutar o H5N1 de modo a que este se transmitisse directamente entre doninhas - o modelo por excelência para estudar as gripes, já que é muito parecido com o que se passa em humanos. Isto é novidade - e perigoso - porque o vírus se transmite normalmente das aves para os mamíferos ou para os humanos. 

Os dados foram apresentados primeiro em Setembro por uma equipa de investigação holandesa, liderada por Ron Fouchier, que trabalha no Erasmus Medical College e depois pela equipa de Yoshihiro Kawaoka da Universidade de Tóquio e Universidade de Wisconsin-Madison. 

As duas equipas já enviaram os resultados para a Science e para a Nature, mas em Dezembro, um comité de acompanhamento da Agência nacional para a ciência e biosegurança dos Estados Unidos pediu às duas revistas para não publicarem detalhes dos dois estudos por medo que a informação pudesse ser utilizada por bioterroristas. As revistas aceitaram os estudos mas ainda não disseram se os vão publicar na íntegra.

Depois de, a 20 de Janeiro, Kawaoka ter assinado a moratória de 60 dias, junto com outras equipas, deu a sua opinião num artigo na Nature. “Algumas pessoas argumentam que os riscos destes estudos – mau uso e a libertação acidental do vírus, por exemplo – pesam mais do que os benefícios”, escreveu. “Oponho-me a isso, o vírus H5N1 que circula na natureza já é uma ameaça, porque os vírus da gripe mutam constantemente e podem estar na origem de pandemias que causam grande perda de vidas.”

Agora, a reunião em Genebra que termina sexta-feira, e junta 22 pessoas, entre autores dos dois estudos e os editores das revistas científicas, vai discutir “as circunstâncias específicas dos dois estudos e vai tentar chegar a um consenso sobre acções práticas que resolvam as questões mais urgentes. Em particular o acesso e a disseminação dos resultados desta investigação”, explica um comunicado da OMS.Num artigo de opinião da edição online desta quinta-feira da Science, Malik Peiris, que teve um papel importante em determinar o carácter patogénico do H5N1, explica que antes das grandes epidemias passarem para as pessoas, os vírus na sua origem passaram anos a infectarem animais. Argumenta que “compreender as características virais e humanas que permitem que a gripe (…) possa ser transmitida entre humanos é sem dúvida uma das mais importantes questões da investigação de hoje”. E remata: “A natureza continua a ser um dos mais eficientes bioterroristas!”

fonte: Público

domingo, 22 de janeiro de 2012

Vírus da gripe das aves faz segunda vítima num mês


Um habitante do sudoeste da China morreu hoje devido a uma infeção pelo vírus da gripe das aves, naquele que é o segundo caso registado no país em cerca de um mês, noticiou a agência Nova China.

O homem, de 39 anos, começou a ter febre a 06 de janeiro, tendo sido hospitalizado quinta-feira em Guiyang, capital da província de Guizhou. O seu estado de saúde deteriorou-se rapidamente, tendo morrido hoje.

As análises realizadas confirmaram que a morte foi causada por uma infeção com o vírus H5N1, comummente designado de vírus da gripe das aves.

Em finais de dezembro, o condutor de um autocarro de Shenzhen, no sul da China, morreu com gripe aviária.

Este caso - que figurou como o primeiro na China em 18 meses - reavivou os receios quanto a um novo surto da gripe das aves no país, e surgiu depois das autoridades sanitárias de Hong Kong terem ordenado o abate de cerca de 20 mil frangos após duas aves terem dado positivo a H5N1.

O H5N1 raramente afeta seres humanos e normalmente só aqueles que mantêm um contacto próximo com aves infetadas, mas é mortal em 60 por cento dos casos.

A Organização Mundial de Saúde estima que, desde 2003, já tenham morrido 336 pessoas por causa do vírus, de um total de 573 casos confirmados, em todo o mundo.

fonte: DN

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Gripe das aves matou jovem de 24 anos na Indonésia


























Gripe das aves causada pelo vírus H5N1 

Um jovem de 24 anos morreu por gripe das aves na Indonésia, o país mais afectado pelo vírus H5N1, anunciou o Ministério da Saúde local, realçando a possibilidade de ressurgimento da epidemia. 

"Os resultados dos testes confirmaram tratar-se de um caso de gripe das aves", disse um responsável do Ministério da Saúde da Indonésia citado pela agência noticiosa francesa AFP dez dias após o anúncio de um caso mortal pelo mesmo vírus na China.

A vítima era um jovem de 24 anos que residia nos subúrbios de Jacarta e que registou uma febre elevada no fim-de-semana, tendo sido inicialmente diagnosticado com dengue, de acordo com o jornal "Jakarta Post".

A 10 de Outubro, a morte de duas crianças de dez e 5 anos foi confirmada como estando relacionada com o vírus H5N1, tendo sido o primeiro caso mortal desde Maio de 2010 verificado naquele país.

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, o vírus H5N1 causou a morte a 150 pessoas na Indonésia desde 2003 entre um total de 339 mortes registadas no mundo inteiro.

Depois da Indonésia, o país mais afectado pelo vírus é o Vietname, onde foram registadas 59 mortes.

O vírus H5N1 é transmissível de animais para o homem.

fonte: JN

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

OMS preocupada com o vírus mutante da gripe das aves


















A Organização Mundial de Saúde (OMS) manifestou-se hoje "profundamente preocupada" com as pesquisas realizadas em laboratório sobre um vírus mutante da gripe das aves H5N1.

O laboratório holandês liderado por Ron Fouchier no centro médico universitário Erasmus de Roterdão anunciou em Setembro ter criado uma mutação do vírus H5N1 potencialmente capaz, pela primeira vez, de se transmitir facilmente entre mamíferos e potencialmente entre humanos.

A Universidade do Wisconsin, nos Estados Unidos, também realizou um trabalho sobre o mesmo vírus, com as duas pesquisas a serem financiadas pelos institutos nacionais americanos da saúde (NHI).

"A OMS toma nota de que" estes anúncios "suscitaram preocupações sobre eventuais riscos e más utilizações associadas a estas pesquisas", indica a organização em comunicado.

A OMS "está também profundamente preocupada com as eventuais consequências negativas" de tais trabalhos, acrescenta a nota.

A mesma organização defende ainda que "os estudos desenvolvidos em condições apropriadas deverão continuar" a fim de se conseguirem os conhecimentos "necessários para reduzir os riscos associados ao vírus H5N1".

fonte: DN

domingo, 1 de janeiro de 2012

Confirmada 1.ª morte por gripe das aves em 18 meses


Um homem morreu hoje em Shenzhen, na China, vítima do vírus H5N1, também conhecido como gripe das aves, o primeiro caso no país em 18 meses, revelaram as autoridades.

O indivíduo, um condutor de autocarros, morreu na cidade de dez milhões de habitantes, próxima de Hong Kong, onde milhares de aves foram eliminadas depois de ter sido confirmada na semana passada a presença do vírus.

Aparentemente, refere a agência France Presse, o indivíduo não teve qualquer contacto, no mês passado, com aves domésticas e não saiu de Shenzhen. Foi hospitalizado no dia de natal e as autoridades confirmaram que estava contaminado com o vírus H5N1.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em todo o mundo, desde 2003, já tenham morrido 336 pessoas por causa deste vírus, 26 das quais na China.

A OMS já manifestou preocupação sobre uma possível mutação do vírus verificada em pesquisas laboratoriais.

fonte: DN